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Umbandas: diversidade a se respeitar

Escolas de Umbanda se constroem por meio de atributos teológicos - fundamentos e práticas/rituais - e da propagação destes atributos. Tudo perfeito! Cada umbandista tem o direito de seguir a vertente que achar melhor. Cada pessoa tem liberdade de escolha - espera-se, e por isso pode tomar como base para sua conduta os ensinamentos que julgar mais apropriados. Agora vejamos um exemplo: o Brasil é composto por estados. Cada estado tem seu costume, sua cultura e tradição. Imagine que um estado queira dizer abolir do Brasil os costumes, cultura e tradição de outros estados brasileiros que não o seu. Imagine que um estado tenha a cultura X, e queira dizer que o Brasil é de cultura X, excluindo as culturas Y, Z, W, A, B, C que existem no Brasil. Este estado tem este direito? Não, não tem. Mesmo que este estado não concorde com as culturas de outros estados, ele não pode simplesmente excluir aquilo do Brasil. Até porque, para justificar esta exclusão, em geral são usados argumentos preconceit
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Seu pai de santo não é seu pai! Sua mãe de santo não é sua mãe! Corrigindo posturas para evitar problemas...

Não é nada incomum que relações doentias (para ambas as partes) se construam entre dirigentes espirituais (pais de santo) e membros de um terreiro. Isso não tem relação direta com o dirigente ser ou não ser bom no que faz, ter ou não ter missão, ser ou não ser capacitado para exercer o sacerdócio. Isso tem relação direta com carências emocionais . É muito comum que as pessoas, de modo geral (e aí estão inclusos os médiuns de um terreiro) tenham famílias desajustadas, relações não tão legais com pais, filhos, companheiros, etc. É muito comum que o núcleo familiar da pessoa não seja perfeito. Isso encontra um campo fértil para consequências deletérias dentro da umbanda, local em que há um paternalismo/maternalismo muito forte, pois o sacerdote é chamado  de "PAI", e a sacerdotisa de "MÃE". Assim, se uma pessoa não tem uma boa relação  com seu pai de criação, ela pode transferir inconscientemente esta figura  para seu pai de terreiro. A pessoa pode enxergar no dirigent

Linha das Crianças na Umbanda: uma crítica a limitação humana aos seus trabalhos espirituais

O que faz com que  um Erê de Umbanda precise ser uma entidade dependente das demais e não possa realizar trabalhos diversos por si só, isto é, sem "supervisão" de um Caboclo ou Preto-Velho? O que faz com que um Erê de Umbanda não possa fazer trabalhos de prosperidade? Idem, para desmanche de magias negativas? Idem, para  diversas  coisas de cunho "material"? Qual o motivo pelo qual os Erês precisem ser entidades limitadas? Qual o motivo pelo qual muitas vertentes teológicas de umbanda engessem o trabalho da linha das Crianças? Quais as evidências concretas para o engessamento? Evidências? Quais são as evidências? Livro não é evidência. Argumento de autoridade (isto é, meu pai de santo disse, meu Guia disse...) não é evidência. O  fato de um erê ser assim não é evidência. Afirmar por afirmar não é evidência. Quando pensamos numa teologia livre e pensante, a questão da linha das Crianças é algo intrigante. Parece que o mesmo tabu colocado sobre a esquerda.  no que tan

Reflexões acerca da Epistemologia Umbandista: a origem e transmissão do conhecimento religioso umbandista

Resumo Trata-se de um apontamento a cerca de como se constrói e se transmite o conhecimento umbandista na atualidade. A Umbanda, religião brasileira  de inúmeras influências culturais, elenca em sua teoria e prática elementos de diversas fontes epistemológicas, que se transmitirão através de diversas vias. O presente trabalho pretende tratar, de forma sintética, das vias de construção do conhecimento umbandista, de sua transmissão, e daquilo que influencia ambos os processos. Palavras-chave: Umbanda; epistemologia; teoria do conhecimento. Introdução Conforme diz Grayling (1996), Epistemologia é o ramo da filosofia dedicado a investigação da natureza, fonte e validade do conhecimento.  Tal área se manifesta no universo das religiões de maneira controversa e peculiar a cada movimento religioso, uma vez que, para cada religião, há formas diferentes de se acessar e validar conhecimentos. Evidente é que a maioria das grandes religiões alicerça a base de seus conhecimentos em textos sagrado

Onde está a ciência na Teologia de Umbanda?

Muitas coisas são encobertas  no véu da palavra "ciência" para se afirmarem verdadeiras. Tem-se um peso maior numa afirmação quando se diz que ela tem bases científicas, que há argumentos científicos que a corroboram, ou que não há argumentos científicos que a inviabilizem. Ciência é uma palavra de peso.  Eu concordo com tudo isso, e penso que quando uma afirmação ou ideia é alicerçada na ciência, ela de fato ganha mais respaldo. Mas o que as vezes é esquecido  é que dizer que algo é científico traz uma série de responsabilidades por trás. Não se pode querer que um dogma seja científico, pois a ciência é um exercício de questionamentos constantes. Não  se pode querer que argumentos de autoridade sejam científicos, pois eles não encontram espaço no teste de hipóteses. Não se pode querer que inúmeras coisas sejam cientificas se de fato elas não estão alicerçadas em um método replicável, questionável e debatível.  Não são raros os que afirmam que a Teologia da Umbanda é  a ciênc

Umbanda: Teologia para além do terreiro