Muitas coisas são encobertas no véu da palavra "ciência" para se afirmarem verdadeiras. Tem-se um peso maior numa afirmação quando se diz que ela tem bases científicas, que há argumentos científicos que a corroboram, ou que não há argumentos científicos que a inviabilizem. Ciência é uma palavra de peso.
Eu concordo com tudo isso, e penso que quando uma afirmação ou ideia é alicerçada na ciência, ela de fato ganha mais respaldo. Mas o que as vezes é esquecido é que dizer que algo é científico traz uma série de responsabilidades por trás. Não se pode querer que um dogma seja científico, pois a ciência é um exercício de questionamentos constantes. Não se pode querer que argumentos de autoridade sejam científicos, pois eles não encontram espaço no teste de hipóteses. Não se pode querer que inúmeras coisas sejam cientificas se de fato elas não estão alicerçadas em um método replicável, questionável e debatível.
Não são raros os que afirmam que a Teologia da Umbanda é a ciência responsável por estudar a religião de Umbanda. Eu concordo, não acho que a afirmação esteja incorreta. Mas admitir isso significa ter que admitir um ensino de teologia de umbanda livre de dogmas e pensamentos fechados do tipo certo e errado apenas pela visao do professor. Admitir isso significa conceber a necessidade de uma educação teológica umbandista crítica e livre de ideias insólidas do ponto de vista metodológico.
Falar que a Teologia de Umbanda é uma ciência significa ter compromisso com o livre pensamento, com a busca por evidências e com a não argumentação de autoridade. Não raras as vezes, o ensino da Teologia de Umbanda é confundido com o ensino de uma escola de Umbanda. Claro, os assuntos se permeiam, mas o ensino da Teologia precisa ser necessariamente adogmático e não gerador de fanatismos.
O teólogo de umbanda precisa ser um pensador da religião, e não um repetidor de argumentos. Um teólogo de umbanda precisa estar disposto a quebrar paradigmas, a ser minimamente cético, e a admitir que ele não sabe a verdade absoluta, que nunca saberá, e que não corre atrás dela. Um teólogo de umbanda precisa ser um cientista em ideologia e mentalidade.
Um teólogo de umbanda é muito diferente de um pai de santo, apesar de que muitas vezes essas funções podem coexistir, mas um pai de santo/dirigente de um templo é uma figura que comanda uma casa e ensina uma doutrina. Um teólogo estuda a doutrina, propõe pontos de argumentação, levanta dúvidas, admite sua ignorância frente a muitos assuntos, busca aprender e estudar (e assim, os guias espirituais não podem ser instrumentos de conhecimento em teologia de umbanda para um teólogo de umbanda).
Fazer teologia é um ato de razão.
Aí podemos voltar a questão inicial: onde está a ciência na teologia de umbanda? Ora, em todo lugar. Pena que não esteja nas condutas mentais e materiais de muitos teólogos de umbanda.
Construir argumentos: é para isso que aqui estamos. O pensamento é livre. Exercite-o! Precisamos disso.
Comente, fale, aponte, discorde, contra-argumente. Este blog é para isso.
Viva o livre pensamento!
Viva a Teologia de Umbanda!
Romes Bittencourt Nogueira de Sousa.
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